PROLAPSO RETAL TRAUMÁTICO COM FISSURA MUCOSA EM CACHORRO-DO-MATO (CERDOCYON THOUS) VÍTIMA DE ATROPELAMENTO: ABORDAGEM CLÍNICO-CIRÚRGICA: RELATO DE CASO

  • Autor
  • Ana de Assis Andrade Crincoli
  • Co-autores
  • Delcio Almeida Magalhães , Sofia Silva La Rocca de Freitas , Laura Castro Silva , Maria Estela Mendes da Silva , Márcio de Barros Bandarra
  • Resumo
  • RESUMO: A fragmentação de habitats e a expansão urbana no Cerrado têm levado a um aumento nos atropelamentos de fauna silvestre, configurando uma ameaça significativa à conservação da biodiversidade. Os hotspots de atropelamento de fauna variam entre os grupos de vertebrados, e afetam especialmente mamíferos de médio porte, como o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous). Neste relato, descrevese o atendimento de um C. thous, macho, 7 kg, vítima de atropelamento em via urbana. O animal foi admitido sob contenção química, o que dificultou a avaliação neurológica inicial. O protocolo de avaliação Global FAST não evidenciou alterações torácicas ou abdominais. Exames laboratoriais admissionais (hemograma, bioquímica e gasometria) foram realizados, revelando leve anemia e trombocitopenia. O PCR para patógenos transmitidos por vetores foi positivo para Babesia spp. Durante o exame físico, observou-se prolapso retal com fissura mucosa de aproximadamente 3 cm, optando-se inicialmente por tratamento conservativo. Após a recuperação anestésica, o paciente não apresentou déficits neurológicos. Instituiu-se terapia com antibióticos, anti-inflamatórios, antiprotozoários e analgésicos. Contudo, 24 horas após a admissão, houve recidiva do prolapso retal, associada à hematoquezia, e optou-se por correção cirúrgica. A fissura retal foi suturada com pontos simples interrompidos com fio polidioxanona 40, seguidos de redução do prolapso e aplicação de sutura em bolsa de tabaco com fio náilon 30. Para manutenção da patência anal durante o procedimento, foi utilizado um tubo de bioquímica sérica de 13 mm como molde temporário. O paciente alimentou-se e defecou normalmente nos dias subsequentes. A sutura em bolsa de tabaco foi removida após sete dias, com acompanhamento clínico, ultrassonográfico e pesquisa de sangue oculto nas fezes. Após 16 dias de internação e recuperação plena, o animal foi reintroduzido ao seu habitat natural. Em cães domésticos, o manejo conservador ou a técnica de bolsa de tabaco são indicados em casos de prolapso retal traumático sem comprometimento sistêmico ou lesões abdominais significativas, podendo dispensar laparotomia e favorecer o prognóstico. Há também relatos de fissuras retais associadas a trauma pélvico de alta energia, mesmo sem fraturas ósseas. Neste caso, o tratamento clínico-cirúrgico foi eficaz, promovendo reabilitação e soltura bem-sucedida do indivíduo, demonstrando a importância da intervenção rápida e conservadora em situações semelhantes.

  • Palavras-chave
  • Cerdocyon; Bolsa de tabaco; Protozoários
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